"Talvez com a idade eu aprenda. Que o facto de ser meticulosa na forma como trato os outros não significa que se sintam na obrigação de me manusearem com cuidado. Que pelo facto de ter sempre a preocupação, de ao falar, não lançar uma frase crua que não possa retirar, porque as palavras são como as pedras, uma vez atiradas nada a fazer, não quer dizer que as pessoas pensem duas vezes antes de me ferirem com elas. Talvez um dia aprenda que as pessoas que me magoam nunca conseguem medir em escala os danos que me causaram e deixe de esperar menos delas. Talvez eu aprenda, com a idade ou com a vida, que posso gostar sem dar tudo em troca de nada. Talvez um dia eu aprenda. Que afinal só posso contar comigo para lamber as próprias feridas ainda que causadas por outros, outros que nunca, conscientemente magoaria. Talvez aprenda que se as palavras ferem como punhais e se os punhais me são lançados deveria reagir aos berros em vez de lágrimas solitárias. Talvez eu aprenda a mostrar que estou furiosa em vez de tentar desvalorizar as acções dos outros. Um dia. Talvez eu aprenda um dia. Que o facto de eu viver aterrorizada em magoar alguém não significa que a pessoa(as) percam tempo a pensar se me vão magoar ou não. Talvez aprenda que afinal, cabe a mim recompor-me a não à(s) pessoa(s) que me magoou(aram) e tirar daí uma lição, perceber o que significa. Talvez eu aprenda, um dia, eu, que tento sempre meter remendos nos danos que causo e limpar as lágrimas que faço cair. Um dia. Um dia aprendo. "
Daqui!